quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Arte: território de singularidades

Para melhor entender o mundo das imagens pensei ser interessante investigar o universo da arte. Aos poucos, percebi que a arte não trata somente das questões conceituais relativas à imagem: cores, linhas, formas, volumes, sons, movimentos e estilos. Ela também atenta para os afetos, os diferentes modos de percepção, faz sentir o que não se vê, as forças e as relações de força.
A arte questiona a linguagem trivial, as regras e convenções, sem renunciar às relações que se estabelecem entre a verdade (que só existe enquanto vontade de verdade) e o pensamento (que funciona como resistência aos conceitos impostos). Leva o indivíduo a refletir sobre si e sobre o mundo. É até bastante provável que seja essa a sua função: fazer pensar, propiciar uma nova leitura sobre visualidades viciadas e limitadas. A arte abre possibilidades a quem quer que esteja disposto a não apenas fixar o olhar no belo, mas no além disso.
A arte é também uma expressão da subjetividade plural, possibilitando múltiplas leituras que transitam entre os territórios da sensibilidade, da razão, numa mobilidade dinâmica, livre de um significado fixo, como num caleidoscópio.
Rompendo a concepção espaçotemporal do cientificismo positivista, a arte aponta para uma abordagem multidisciplinar, mostrando-se como um agenciamento que se conecta a outros agenciamentos.
É um modo de experimentar a realidade, o mundo e a si mesmo, numa incessante metamorfose que envolve o sujeito histórico, social, cultural, exercendo grande fascínio sobre o homem, ser de linguagem, conduzindo-o, muitas vezes, a um estado de encantamento.
Enfim, a arte é necessária “[...] como ‘proteção e remédio’, [...] para suportar a quebra do otimismo teórico quanto para levar o conhecimento além de si mesmo, para a sua própria transformação” (LARROSA, 2004, p. 137).
Répteis - M. C. Escher - Litografia, 1943

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