terça-feira, 7 de setembro de 2010

Time like these

(Jack Johnson)
A desintegração da persistência da memória
Salvador Dali, 1954

In times like these
In times like those
What will be will be
And so it goes
And it always goes on and on...
On and on it goes
And there has always been laughing, crying, birth, and dying
Boys and girls with hearts that take and give and break
And heal and grow and recreate and raise and nurture
But then hurt from time to times like these
And times like those
And what will be will be
And so it goes
And there will always be stop and go and fast and slow
Action, Reaction, sticks and stones and broken bones
Those for peace and those for war
And god bless these ones, not those ones
But these ones made times like these
And times like those
What will be will be
And so it goes
And it always goes on and on...
On and on it goes
But somehow I know it won't be the same
Somehow I know it will never be the same

(Disponível em http://www.cifraclub.com.br/jack-johnson/times-like-these/)

Anacrônico


Espaçostempos...
Mais... do mesmo?
Produzi esse material para atender a uma solicitação de um professor em 2008, após a leitura do texto de Boaventura de Souza Santos "Uma ciência prudente para uma vida decente". Foi minha primeira experiência com a ferramenta Movie Maker. Gostei mais do processo de produção que do resultado do trabalho. Quanta coisa é possível com uma ferramenta tão simples...

domingo, 5 de setembro de 2010

"Não é da minha época..."

Tenho ficado incomodada quando ouço "...não conheço, nunca vi/ouvi... não é da minha época!". E esse incômodo não se refere à minha idade ou de eu me sentir "antiquada". Me incomodo pois percebo a falta de interesse em coisas outras que não sejam as contemporâneas, visualidades e sonoridades  imediatas. Mas somos constituidos de espaçostempos múltiplos, visualidades, experiências e potencialidades infinitas. Somos seres históricos enredados  em relações imprevisíveis.
Mesmo com toda essa imprevisibilidade, vivemos sob a égide de uma sociedade cartesiana e continuamos a crer que o conhecimento e o progresso são uma linha reta e sempre ascendente. A idéia recorrente de presente, passado e futuro está calcada numa noção de tempo newtoniana, totalmente arbitrária onde a lógica linear de espaço/tempo se mostra absoluta.
Se lançarmos mão da história como ferramenta de reflexão, observamos que a partir do século XIX inicia-se a crise do paradigma da ciência moderna resultante da pluralidade de condições sociais e da intensidade de produções teóricas que articulam discursos em favor de novos paradigmas. No século XX a introdução de novas noções (desordem, imprevisibilidade, paradoxo...) e as descobertas da teoria quântica vão colocar em questão o Positivismo e a própria noção de ciência, conforme aplicada até então.
Daí surge um novo viés da ciência, no qual o modelo sistêmico e o pensamento complexo vão sendo incorporados à maneira de observar o mundo. Passa-se a considerar que o conhecimento é um fato histórico que, independente da escola, acontece; e que o indivíduo, ao longo do tempo, experiencia fatos, cores, sabores, odores, sempre diferentes: seus sensores, sentidos e sentimentos mudam e são mudados na/pela realidade, em diferentes contextos e relações materiais, onde tudo se liga em redes e onde se torna impossível garantir obediência a um sentido único e pré-estabelecido.
De certo modo, o século XXI está procurando “remembrar” o que foi desmembrado, religar o que foi desconectado pela Modernidade. Mas vivemos um tempo que contém todos os outros e convivemos com pensamentos diversos, montados sobre pressupostos modernos e pós-modernos. BENJAMIN (1994), afirma: “A história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de ‘agoras’”.
Por conta desse modo fragmentado de pensar e agir, desse espaço/tempo fluido, complexo, repleto de “agoras”, precisamos fazer contorcionismos para ajuntar os cacos de uma história estilhaçada, na qual o conhecimento tem como fundamento um rigor científico que desqualifica, degrada, caricaturiza os fenômenos e experiências.
Essa história que se conta (e que se ouve) não pode ficar restrita àquilo que foi guardado pelo passado para ser depois contado de forma única. Há que se considerar a necessidade de desenvolver um trabalho de resgate de memórias que indiquem vestígios de embates no âmbito pessoal e coletivo demonstrando as relações estabelecidas entre épocas distintas. Além disso, devemos atentar para o fato de que a história é escrita e reescrita de acordo com os paradigmas e ideologias de cada época, adotando, muitas vezes, o ponto de vista de quem a escreve. Corremos o risco, portanto, de analisarmos os fatos baseados num discurso vazio, construído a partir de fatos inventados para um determinado fim.
Na esteira dessas considerações, creio que é na leitura de fatos às vezes apontados como insignificantes – e não em experiências acumuladas e coaguladas – que reside a possibilidade de citar o passado ou de fazer conexões que permitam ao presente ser possível. A possibilidade de vivenciar, de experienciar as diferenças, contribui para [...] a ampliação das fronteiras de nossa imaginação. Disso decorreria uma atitude menos provinciana em relação ao passado e ao presente. (GINZBURG, 2000)

Marilyn Monroe
Andy Warhol, 1960
Da sua época?